As
pimentas são benéficas para o organismo porque possuem atividades
antimicrobiana, anti-inflamatória, anticancerígena, melhoram a digestão,
diminuem os níveis de colesterol e, por ter efeito termogênico, ou seja,
acelerar o metabolismo, ajudam a emagrecer. Mas nem todas as pimentas trazem
esta lista de vantagens. Para colher tais benefícios é preciso que a pimenta
seja do gênero Capsicum.
Esse
grupo de pimentas já eram consumidas pelos índios brasileiros e em toda a
América Latina antes mesmo da chegada dos europeus no Novo Mundo. Essas
pimentas são os tipos mais interessantes para a saúde porque têm como princípio
ativo os capsaicinoides.
As
principais pimentas do gênero Capsicum produzidas no Brasil são: jalapeño,
pimenta de cheiro, pimenta de bode, cumari-do-Pará, malagueta, dedo-de-moça,
murupi, biquinho e cambuci ou chapéu de frade. A quantidade de capsaicinoides
de cada uma destas pimentas varia de acordo com a ardência dos frutos, quanto
mais picante, maior a quantidade do princípio ativo.
Principais nutrientes da pimenta
Nutrientes -10 gramas
|
Dedo-de-moça
|
Biquinho
|
De-cheiro
|
Murupi
|
De-bode
|
Cumari-do-pará
|
Malagueta
|
Jalapeño
|
Calorias
|
4,52 kcal
|
3,85 kcal
|
6,31 kcal
|
2,17 kcal
|
4,66 kcal
|
4,52 kcal
|
10,5 kcal
|
5,5 kcal
|
Fósforo
|
4 mg
|
2,46 mg
|
6,2 mg
|
2,9 mg
|
4,3 mg
|
5,7 mg
|
10,8 mg
|
4,4 mg
|
Potássio
|
39,7 mg
|
35,1 mg
|
49,6 mg
|
22,2 mg
|
37,9 mg
|
34 mg
|
63 mg
|
39 mg
|
Cálcio
|
2,5 mg
|
1,6 mg
|
2,4 mg
|
1,3 mg
|
1,2 mg
|
3,2 mg
|
5,9 mg
|
2,1 mg
|
Vitamina C
|
5,2 mg
|
9,9 mg
|
8 mg
|
13,4 mg
|
9,2 mg
|
7,4 mg
|
--
|
5,2 mg
|
Fibra
|
0,9 g
|
0,5 g
|
0,86 g
|
0,63 g
|
0,47 g
|
0,92 g
|
1,59 g
|
0,36 g
|
Fonte: Lutz e Freitas (2008)
Confira
qual a porcentagem do valor diário* de alguns nutrientes para 10 gramas de
pimenta.
·
30%
da vitamina C na pimenta Murupi
·
0,59%
de cálcio na pimenta Malagueta
·
1,5%
de fósforo na pimenta Malagueta
·
6,36%
das fibras na pimenta Malagueta.
* Valores Diários de referência para adultos com base em uma
dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kj. Seu valores diários podem ser maiores ou
menores dependendo de suas necessidades energéticas.
As
pimentas do gênero Capsicum são ricas em vitamina C que aumenta as defesas do
organismo, ajudando na prevenção e no combate de infecções como a gripe. Ela
também age como um antioxidante, neutralizando os radicais livres instáveis que
podem causar danos ao organismo e o envelhecimento. Além disso, esta vitamina
fornece resistência aos ossos e dentes e facilita a absorção de ferro no
organismo.
Outra
vitamina muito presente nestas pimentas é a E. Ela é importante porque também é
antioxidante e por isso age retardando o envelhecimento e ainda protege o
organismo contra doenças crônicas não transmissíveis como Parkinson, Alzheimer,
câncer e doenças cardiovasculares.
Os
carotenoides, o mesmo pigmento vegetal da cenoura, também estão presentes nas
pimentas. Eles são bons para o organismo porque se transformam em vitamina A.
Assim, o nutriente será interessante para a visão, na integridade dos epitélios
(células que revestem o corpo e formam uma barreira contra infecções) e no crescimento
e desenvolvimento do esqueleto. O nutriente ainda possui função antioxidante,
que combate envelhecimento e câncer, e previne doenças crônicas como catarata,
artrite e doenças cardiovasculares.
Apesar
de todos estes nutrientes, o principal carro-chefe nutricional das pimentas é
terem como princípio ativo os capsaicinoides. Eles são importantes para a saúde
porque possuem atividades antimicrobiana, anti-inflamatória, anticancerígena,
melhoram a digestão, diminuem os níveis de colesterol e ajudam a emagrecer.
Quanto
mais picante a pimenta maior o teor de capsaicinoides. A ardência do fruto é
expressa por uma escala sensorial denominada Scoville Heat Units (SHU) ou
Unidades de Calor Scoville. Os seus valores variam de zero para pimentas
"doces" até um milhão de SHU para pimentas extremamente picantes.
Ardência de pimentas consumidas no Brasil
Tipo de Pimenta
|
Pungência (SHU*)
|
Pimenta de Bico ou Biquinho
|
0
|
Cambuci ou Chapéu-de-frade
|
0
|
Jalapeno
|
37.000
|
Dedo-de-moça
|
46.000
|
Pimenta de Bode
|
53.000
|
Pimenta de Cheiro
|
94.000
|
Malagueta
|
164.000
|
Cumari-do-pará
|
210.000
|
Murupi
|
223.000
|
Fonte: Lutz e Freitas (2008)
SHU*-
Scoville Heat Units (Unidades de Calor Scoville)
Os benefícios da pimenta
Pimenta pode ajudar a prevenir o câncer
Ajudam a emagrecer: A pimenta é um alimento termogênico,
capaz de aumentar o gasto calórico do organismo durante a digestão e o processo
metabólico. A substância responsável por isto é a capsaicina que aumenta a taxa
metabólica em até 20%. Assim, o consumo de 6 gramas de pimenta queima cerca de
45 calorias.
Além
disso, alguns estudos experimentais apontam que o fruto diminui o desejo de
ingerir proteínas, carboidratos e gorduras. Isto provavelmente ocorre porque a
pimenta aumenta a atividade do sistema nervoso simpático que afeta o
comportamento de ingestão alimentar.
Combate o câncer: Um estudo publicado no The Journal of
Cancer Research dos Estados Unidos, em 2006, descobriu que a capsaicina induz a
apoptose, morte celular programada, em células do câncer de próstata. Assim,
ela contribui para evitar a proliferação da doença.
Alguns
estudos, entre eles um publicado na National Academy of Sciences of the United
States of America, sugerem que a capsaicina também ajudaria a reduzir o
crescimento de tumores nas mamas e ovários. O benefício também ocorreria devido
à capacidade da substância de induzir a apoptose das células cancerígenas.
Boa para o coração: Um estudo realizado pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul concluiu que a capsaicina presente
na pimenta também ajuda a diminuir os níveis do colesterol ruim, LDL. O fruto
ainda pode reduzir coágulos no sangue por ter ação vasodilatadora. O resultado
é a redução do risco de problemas como hipertensão, infarto e outras doenças
cardiovasculares.
Boa para os dentes: A pimenta estimula a salivação e desta
forma neutraliza os ácidos da saliva e protege os dentes e gengivas. Além
disso, ela é rica em vitamina C que fornece resistência aos ossos e
dentes.
Protege o estômago: Alguns estudos defendem que a
capsaicina presente nas pimentas tem um efeito gastroprotetor, pois aumenta a
produção do muco gástrico. Ela também pode combater a bactéria que provoca
gastrites e úlceras estomacais.
Quantidade recomendada de pimenta
Não
existe uma quantidade determinada para o consumo da pimenta. A única orientação
é não exagerar, como comer o fruto cerca de 3 a 4 vezes ao dia. É interessante
que pessoas que não têm problemas de saúde, como a gastrite ou a hemorroidas,
ingiram a pimenta entre uma ou duas vezes ao dia.
Como consumir a pimenta
A
melhor maneira de comer a pimenta é fresca. Assim, todos os nutrientes do fruto
são mantidos. As versões na forma de molho, de conservas, de geleia, páprica,
desidratada e dessecada também são opções, porém parte dos nutrientes,
especialmente as vitaminas, podem ser perdidas no processo.
Contraindicações
Não
existem dados científicos que comprovem que a pimenta causa úlceras ou outros distúrbios digestivos.
Porém, por precaução o recomendado é que pessoas que já têm úlcera ou gastrite,
evitem o consumo em excesso do fruto. Quem tem hemorroidas também deve tomar cuidado com a
pimenta, isto porque em grandes quantidades ela pode levar a irritação do
endotélio, que constitui a camada celular interna dos vasos sanguíneo, lembrando que o
problema resulta de veias inchadas e que ficam doloridas.
Riscos
do consumo excessivo
Apesar de benéfica para a saúde, a pimenta
não pode ser consumida de maneira exagerada. Tome cuidado especialmente com os
molhos de pimenta que não usam o fruto in natura, mas o extrato ou óleo
concentrado feito a partir de pimentas secas e picantes. Estes molhos em
grandes quantidades podem causar queimaduras ou bolhas na boca ou na língua,
náusea, alteração respiratória e vômito.